13-FAU Encontros (realização da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP): Monotrilho em disputa: Infraestruturas de Morte ou Mundos Urbanos (in)Comuns?

 

13-FAU Encontros (Realização da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP)

 

Monotrilho em disputa: Infraestruturas de Morte ou Mundos Urbanos (in)Comuns?

 

Debatedora(e)s:

Glória Cecília Figueiredo - Professora da Faculdade de Arquitetura da UFBA e do seu Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Membro do Grupo de Pesquisa Lugar Comum.

José Eduardo e Vilma Santos - Acervo da Laje

Gilson Vieira - Sociedade Nacional Trem de Ferro / Movimento Verde Trem

Antônio Luiz - Associação de Moradores da Rua Voluntários da Pátria e Santa Luzia

 

Mediadora:

Ana Claudia Castilho Barone - FAUUSP - LABRaça

 

Sinopse:

O Monotrilho pretende desativar e substituir o Trem do Subúrbio, em um trajeto ligando Salvador ao município de Simões Filho na Região Metropolitana. O seu anúncio vem gerando muitas dúvidas e suscitando críticas entre moradora(e)s, universidade, profissionais e cidadã(o)s interessada(o)s, por seu viés autoritário e devido aos seus impactos e desdobramentos, que trazem ameaças e violações aos modos de vida do Subúrbio Ferroviário, dentre outros territórios afetados. 

Essa intervenção vem sendo conduzida pelo governo do Estado da Bahia, através de uma Parceria Público Privada com contrato assinado em 2019 - com a Metrogreen Skyrail Bahia Concessionária da Bahia S. A., consórcio formado pelas empresas BYD do Brasil LTDA e Metrogreen do Brasil LTDA, ambas vinculadas a corporação chinesa Build Your Dreams (BYD). 

A intervenção do Monotrilho pela desativação e substituição do Trem do Subúrbio pode interditar ou fragilizar redes econômicas e circuitos populares, sobretudo aqueles vinculados à pesca e mariscagem artesanal, ou aos trabalhos de rua, gerando ainda graves violações de direitos sociais, situações de racismo institucional e ambiental, ameaças de remoção forçada de centenas de famílias, efeitos massivos de imobilidade e intensificação de políticas de morte que podem atingir milhares de habitantes nas suas áreas de influência. Dimensões como essas, especificam os termos de uma necropolítica (Mbembe, 2018) e de outras lógicas destrutivas, apontando para atualizações das condições de subalternidade e das geografias de despejo e violência racial, inerentes ao capitalismo global (Chakravartty, Silva, 2012; Mckittrick, 2011).

Os conflitos em torno do Monotrilho do Subúrbio, se por um lado explicitam ameaças de destruição, fragilização ou esvaziamento de mundos urbanos vigorosos, por outro também os visibilizam na medida em que se abre um debate na esfera pública. A justaposição entre essa intervenção e os mundos (in)comuns (Blaser & de la Cadena, 2018) por ela afetados pode abrir um campo de  possibilidades, disputas e negociações das formas, conteúdos, sentidos e efeitos das transformações urbanas.