Aniversário de tombamento da Pedra de Xangô é comemorado com livro infanto-juvenil

Aniversário de tombamento da Pedra de Xangô é comemorado com livro infanto-juvenil
Público infanto-juvenil tem sido alvo de atividades desenvolvidas pelas entidades envolvidas no resgate da memória e importância do monumento
 
Nesta segunda-feira (04) faz três anos que a Pedra de Xangô foi tombada como Patrimônio Cultural da cidade de Salvador pela Fundação Gregório de Mattos. Para comemorar a data, a advogada e escritora Maria Alice Silva, juntamente com o historiador e poeta Walter Passos, lança o primeiro livro na categoria infanto-juvenil sobre a Pedra de Xangô, cujo título é: “Pedra de Nzazi, Xangô e Sogbo?”.
 
Com prefácio de Everaldo Duarte - Agbagigan do Terreiro do Bogun e ilustração de Dayse Gomis da Arte’s Griot, o livro será lançado nas redes sociais pelos perfis @pedra.de.xangô, @walterpassos21 e @daysegomis. O público infanto-juvenil tem sido alvo de atividades desenvolvidas pelas entidades envolvidas no resgate da memória e importância da Pedra de Xangô não só para a comunidade de Cajazeiras, onde o monumento está localizado, como também para Salvador como um todo. 
 
A Pedra de Xangô tem mais de dois bilhões de anos e foi morada dos índios tupinambás, de negros quilombolas, dos orixás, voduns, Inquices, caboclos e encantados. O monumento, uma formação rochosa de 8m de altura e aproximadamente 30m de diâmetro, é considerado sagrado pelo Candomblé, mas estava esquecido pela cidade até a pesquisa de mestrado de Maria Alice, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFBA, que trouxe à tona a história e seu valor para a comunidade.
 
“Salvador tem 471 anos e 83% da sua população é composta de afrodescendentes, portanto, o tombamento da Pedra de Xangô como patrimônio cultural da cidade nada mais é do que o reconhecimento público da presença, permanência e resistência da cultura e religiosidade afro-brasileira na cidade de Salvador”, declara Maria Alice.
 
Localizada numa área de remanescentes do bioma Mata Atlântica e de Quilombos, a pedra é também Patrimônio Geológico de relevância nacional: será o primeiro parque a levar o nome de um orixá e também o primeiro parque em Rede da América Latina.  
 
Recentemente, a doutoranda publicou o livro sobre a pesquisa: “Pedra de Xangô: um lugar sagrado afro-brasileiro na cidade de Salvador”. Além de analisar a importância da Pedra de Xangô enquanto elemento cultural para os terreiros de Cajazeiras, bem como para a cultura afro-brasileira, o estudo também investiga a utilização da Pedra em festas públicas, dentro do calendário litúrgico dos terreiros e no cotidiano das religiões de matriz afro-brasileira.
 
A dissertação subsidiou a criação da Apa Municipal Assis Valente e o Parque em Rede Pedra de Xangô, no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de 2016, bem como a instrução do processo de tombamento da Pedra de Xangô. 
 
Como resultado da mobilização, a Prefeitura de Salvador anunciou em novembro passado a licitação para tirar do papel o projeto arquitetônico do parque, cuja elaboração contou com a participação de lideranças religiosas e de integrantes da comunidade do bairro de Cajazeiras.