Inserção Social

INSERÇÃO SOCIAL:

A realização de atividades de extensão de diversos tipos, bem como de seminários que envolvem a participação direta de representantes de diversas associações da sociedade civil, fomentaram, historicamente, a integração do PPG-AU UFBA em ações de grande interesse social – alcançando, inclusive, uma inovadora atenção às ações étnico-raciais no âmbito da arquitetura e urbanismo, como se pode perceber em muitas das inciativas listadas abaixo.

 

LABHABITAR:

Desde 1993, com a criação do LabHabitar (liderado pela Profa. Dra. Ângela Gordilho Souza), vários projetos de inserção social foram desenvolvidos em parcerias com instituições nacionais e internacionais, entidades comunitárias e governamentais, visando experimentar, assessorar e assimilar novos enfoques para intervenção no espaço construído da habitação em ambiente urbano, bem como sistematizar informações para consolidação de um Acervo de Referências, de projetos e bibliografia nessa área de atuação, com um amplo acervo que está sendo montado a ser disponibilizado para elaboração de projetos participativos. Mais recentemente, em 2019, o LabHabitar foi contemplado pela Chamada Pública MP-BA/ACOPAMEC com o projeto de extensão “Ações Participativas para Implementação do Parque Theodoro Sampaio: Acessibilidades e Marcos Visuais” com vigência até dezembro de 2019 (ver www.labhabitar.ufba).

 

RESIDÊNCIA AU+E/UFBA:

Para além disso, o LabHabitar / PPGAU-UFBA promove a realização da Residência AU+E/UFBA, proposta em 2011, numa parceria da Faculdade de Arquitetura – PPG-AU UFBA com a Escola Politécnica da UFBA. Como curso de especialização lato sensu de caráter permanente, envolve um grande número de docentes e discentes, gestores, instituições públicas, lideranças comunitárias e centenas de participantes locais, com potencial de posterior implantação dos projetos propostos, fortalecendo assim inserção social da universidade, melhorias habitacionais e ampliação do campo profissional. Desdobramentos, também são observados nas nucleações em outras universidades (UFPB, UnB, UFPel, UFC), para replicação dessa iniciativa de tecnologia social. Potencializa, assim, um programa de residências profissionais nessa área, em rede nacional.

A metodologia implantada permite que o curso funcione com recursos próprios da universidade (sede e apoio para funcionamento; professores; infraestrutura), garantindo a sua continuidade autossustentada, nas seguidas edições já realizadas 2013/14, 2015/16 e 2017/18, agora em vias de transformação desse curso para caráter permanente, nesta universidade, a partir da 4ª. edição, em 2020. Até então, recebeu apoios financeiros em editais: PROEXT/MEC, em 2013 e 2014; PROEXT/UFBA 2016 e 2018; e Ministério Público/BA, Chamada Pública 2019. 

Nesse formato, viabiliza a interação de estudantes e profissionais em processos de autogestão social, em grande escala de atuação, contando basicamente com os recursos e infraestrutura das universidades. Protagoniza, assim, experiências em diferentes escalas de abrangência, envolvendo vários sujeitos sociais, numa perspectiva de formação crítica, inventiva e propositiva, em prol do direto a cidades melhores e mais justas.

Seus desdobramentos também subsidiam a disponibilidade de um acervo de referências projetuais inovadoras, divulgação relevante, diante da ampla demanda dessas ações. Traz também a perspectiva de parcerias nacionais e internacionais, incentivando possibilidades de cooperação e troca de experiências em problemáticas similares. Fortalece, assim, políticas de inserção social e perspectivas de inovação tecnológica nesse campo de atuação.

Resultados Quantitativos:

  • Três edições já realizadas na UFBA.
  • Participação de 54 docentes (34 permanentes, 13 colaboradores e 6 nucleados) – 6 docentes do PPG-AU UFBA, 11 discentes do doutorado do PPG-AU (7 desses Professores da FAUFBA) e pelo menos 17 egressos do programa.
  • Especialização de 73 discentes (profissionais-residentes).
  • Realização de cerca de 100 oficinas em comunidades.
  • Parceria com 4 universidades no Brasil.
  • Elaboração de 73 projetos participativos.
  • Atuação em 25 comunidades e territórios.
  • Alcance de cerca de 4,5 mil pessoas envolvidas no conjunto de atividades.
  • Alcance indireto de milhares de famílias beneficiadas com a viabilidade de implantação dos projetos.

Resultados Qualitativos:

  • Incremento de assistência técnica em melhorias habitacionais e ambientais (Lei Federal 11.888/2008).
  • Debates com instituições profissionais e movimentos sociais sobre ATHIS.
  • Viabilização de projetos e ampliação de fomento.
  • Novas técnicas e pesquisa aplicada para Tecnologia Social.
  • Difusão dos resultados em seminários, oficinas e eventos.
  • Interação da pós-graduação em projetos de extensão.
  • Ampliação da inserção social da universidade pública.

 

PROTAGONISMO POPULAR E ANCESTRAL NA PRODUÇÃO DA CIDADE DE SALVADOR: OS ARTÍFICES DA LADEIRA DA CONCEIÇÃO DA PRAIA” (PAEXDOC/PROEXT-UFBA:  EDITAL 2017/2018/2019):

O projeto de extensão desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Lugar Comum – PPG-AU UFBA em parceria com o coletivo de Mestres Artífices da Ladeira da Conceição (Salvador-BA), é uma ação que dialoga com o contexto de luta pela permanência dos mestres artífices, em suas oficinas localizadas no centro histórico. Apesar de desempenharem suas práticas laborais nas áreas centrais da cidade há décadas e remontarem a ofícios desempenhados pela população negra desde o período colonial, a presença e permanência das oficinas está longe de ser uma preocupação das políticas urbanas atuais. A ameaça de desaparecimento da profissão de artífice – trabalhadores detentores de saberes específicos, transmitidos através do contato cotidiano com seus mestres, e cujos preciosos ofícios manuais estão vinculados às práticas tradicionais do campo da construção civil (marmoristas, ferreiros, serralheiros, mecânicos, etc.) – foi  o mote para a proposição dos dois primeiros anos de ações, voltadas para a realização de dois minicursos sobre os ofícios, e produção de registro gráfico-textual desses acontecimentos, que envolveu professores da FAUFBA e outras instituições de ensino superior; estudantes de pós-graduação e graduação de diferentes unidades da UFBA; movimentos e coletivos que integram a Articulação do Centro Antigo de Salvador; e coordenadores, professores e estudantes do Colégio Estadual Ypiranga, localizado no Bairro Dois de Julho. Na terceira edição, o projeto de extensão redefiniu seu foco, uma vez que o poder público iniciou obras de requalificação nos arcos da Ladeira da Conceição. Foram mobilizadas ações de acompanhamento do processo de execução do Projeto de Requalificação, assessorando os mestres neste no que tange ás implicações da reforma arquitetônica e urbanísticas, atuando conjuntamente com o IDEAS - Assessoria Jurídica Popular, que oferece suporte jurídico aos artífices desde 2014.

 

SEMINÁRIOS URBA:

Os Seminários urbBA, de periodicidade anual, que são promovidos pelo Grupo de Pesquisa Lugar Comum, liderado pela Prof. Ana Fernandes, têm também sido espaços de discussão ampla e de participação social acerca das questões inerentes à cidade contemporânea e aos vorazes processos envolvidos em sua transformação, nos quais se observam manifestações variadas de um poder do setor privado quase ilimitado, com crescente restrição da esfera pública e de sua capacidade de regulação. Esses seminários têm mostrado, ainda, que várias iniciativas e práticas no campo da ação social, jurídica, profissional e política buscam, ao se contrapor a esses processos, constituir novos horizontes de cooperação e de solidariedade no meio urbano, o que é basilar na luta por cidades mais justas.

 

PLANO DE BAIRRO PARA A ZEIS DE SARAMANDAIA:

O PPG-AU UFBA, por meio dos Grupos de Pesquisa que abriga, tem também se destacado em projetos de extensão e ações de grande importância social, como a desenvolvida pelo GP Lugar Comum na elaboração do Plano de Bairro para a ZEIS de Saramandaia, projeto originalmente selecionado no Edital do PROEXT/MEC de 2011. A proposta de elaboração desse plano surgiu em decorrência dos embates ocasionados pela proximidade dessa ocupação popular com a área de um grande empreendimento imobiliário de alto padrão. Por iniciativa do Ministério Público Estadual, um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) foi financiado pelo empreendedor, tendo a área de Saramandaia sido categorizada como Área de Impacto Indireto. O plano de bairro é uma das medidas compensatórias elencadas.

O Bairro de Saramandaia, que abriga 10.267 habitantes, é um assentamento urbano precário, em situação de vulnerabilidade socioambiental. O Plano de Bairro é um instrumento que identifica as necessidades que garantem o bem-estar e a boa convivência dos habitantes, além de construir propostas coletivas para o encaminhamento das soluções apontadas. Indica também como isso deve ser reivindicado junto ao poder público. No ano de 2017, teve continuidade o processo de concepção e o início da construção da praça de Saramandaia, uma das principais diretrizes apontadas no Plano no que se refere ao espaço público.

 

AÇÃO DO GRUPO LUGAR COMUM NO BAIRRO 2 DE JULHO:

Este tipo de ação do Grupo de Pesquisa Lugar Comum foi realizada também em outras áreas carentes e vulneráveis a processos de expulsão e gentrificação, como o Bairro 2 de Julho, no centro antigo da cidade, que vem sofrendo pressões do mercado imobiliário e da ação pública. Neste particular, a relação com os moradores tem se dado, sobretudo, como assessoria técnica, tendo início também a elaboração de um plano de bairro, que se encontra em desenvolvimento. Em 2017, aconteceu a oficina final de consolidação de propostas para o bairro, sendo que a apresentação pública dessas propostas ficou a cargo dos movimentos sociais e coletivos envolvidos.

Projeto de ensino, pesquisa e extensão realizado pelo Grupo Lugar Comum – PPG-AU UFBA em conjunto com a Bartlett School, University College of London

Novas frentes de trabalho que envolvem uma relação direta com a sociedade foram abertas em 2017, no âmbito do projeto que articula ensino, pesquisa e extensão realizado pelo GP Lugar Comum em conjunto com a Bartlett School, University College of London, iniciado em 2016 e que tem vigência de quatro anos. O projeto contempla a participação de movimento sociais, como o Movimento dos Sem Teto da Bahia, a Associação de Moradores da Gamboa e Acervo da Laje para desenvolvimento de assessoria técnica e leituras territoriais compartilhadas.

 

AÇÃO CURRICULAR EM COMUNIDADE E EM SOCIEDADE (ACCS) DENOMINADA PERÍCIA POPULAR NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR:

A implantação, em 2017, da Ação Curricular em Comunidade e em Sociedade (ACCS) denominada Perícia Popular no Centro Histórico de Salvador, coordenada pela Profa. Glória Cecília Figueiredo, hoje Professora Permanente do PPG-AU, contou com a participação de discentes do programa e do curso de graduação, bem como de outras unidades da UFBA. É mais uma ação coletiva que envolveu moradores do Centro Histórico de Salvador, a Associação de Amigos e Moradores do Centro Histórico (AMACH), além de outros profissionais colaboradores. Nesta primeira experiência, realizou-se uma avaliação das atuais condições de vida dos moradores impactados pelo descumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que redefiniu as bases da intervenção da 7a Etapa do Programa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador, cujos objetivos foram alterados a partir das mobilizações e reivindicações da AMACH e resultaram no compromisso de manutenção de diversas famílias como moradores deste setor do centro histórico, estancando o processo de expulsão de moradores que caracterizou este programa desde sua implantação em 1992. Contudo, decorridos quase 12 anos da sua assinatura, constata-se que o TAC não foi integralmente implementado. A AMACH e os moradores beneficiários apontaram, ao longo da realização desta ACCS, um conjunto de problemas e questões que indicam além de possíveis irregularidades e ou ilegalidades que comprometem a efetividade dos direitos formalmente conquistados, o crescimento da vulnerabilidade das famílias envolvidas.

Como um primeiro passo na direção de se estabelecer uma rearticulação entre os agentes envolvidos e de abrir espaço de diálogo, renegociação e comprometimento para enfrentar a problemática detectada, bem como no sentido de se construir alternativas e proposições consistentes, a AMACH, os moradores do Centro Histórico de Salvador e os demais envolvidos nesta Perícia Popular realizaram, em 2017, uma Audiência Cidadã. Este instrumento “tem como uma de suas principais intenções oportunizar uma prática de cidadania ativa que promova uma fala em primeiro plano dos “de baixo” e, ao mesmo tempo, uma escuta atenta e sensível de suas demandas e questões por agentes “que decidem", que precisam aprender a decidir e fazer juntos, seguindo a bússola das demandas populares” (Relatório da Perícia Popular no Centro Histórico de Salvador, p. 33). Os próximos passos dessa experiência, que terá continuidade em 2018, são na direção de se avançar nas articulações realizadas e na implementação dos resultados do debate ocorrido nesta Audiência Cidadã. Com esta ação, a FAUFBA e o PPG-AU reafirmam, mais uma vez, o seu compromisso com uma formação de profissionais atentos às questões e demandas sociais.

 

INSERÇÃO SOCIAL DO GRUPO DE PESQUISA ETNICIDADES:

O grupo Etnicidades PPG-AU UFBA tem como objetivos desenvolver pesquisas sobre arquiteturas edificadas pelos grupos étnicos, projetos e ações de extensão com apoio técnico voltadas para povos e comunidades tradicionais, e, sobretudo, reflexões das relações entre arquitetura e cidade com grupos étnicos-raciais no que tange aos aspectos do território, cultura e etnicidade, políticas públicas, conflitos e segregação étnico-racial, mercantilização e turismo étnico, patrimonialização, festividades e estética. Ou seja, conta naturalmente com forte caráter de atuação social.

As atividades de pesquisa e extensão do grupo apoiam-se no decreto estadual de 13.247 de 30/08/2011 que consideram como povos e comunidades tradicionais aquelas que ocupam ou reivindicam seus territórios tradicionais, de forma permanente ou temporária, tendo como referência sua ancestralidade e reconhecendo-se a partir de seu pertencimento baseado na identidade étnica e na auto-definição, e que conservam suas próprias instituições sociais, econômicas, culturais e políticas, línguas específicas e relação coletiva com o meio ambiente que são determinantes na preservação e manutenção de seu patrimônio material e imaterial, através da sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando práticas, inovações e conhecimentos gerados e transmitidos pela tradição. Engloba-se: aldeais indígenas, territórios quilombolas, templos religiosos de matrizes africanas, afoxés, maracatus, congadas, marujadas, acampamentos ciganos, comunidades de fundo de fecho e fundo de pasto, comunidades ribeirinhas, colônia de pescadores e marisqueiros, geraizeiros, dentre outros. Abaixo lista-se alguns projetos de forte impacto social que o grupo desenvolveu.

 

TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA ENTRE A UFBA E SEPROMI:

Outra importante iniciativa no sentido da inserção social, foi o Termo de Cooperação Técnica entre a UFBA e SEPROMI para Promoção da Igualdade Étnico-Racial, Combate ao Racismo e de Defesa dos Direitos dos Povos Tradicionais. 

A intenção foi efetivar um instrumento para auxílio mútuo na defesa e promoção da população negra, de combate ao racismo e à intolerância religiosa, além da garantia dos direitos dos segmentos tradicionais, inclusive nas políticas públicas de desenvolvimento rural. O acordo integra a agenda da Década Internacional Afrodescendente na Bahia (2015-2024) e renova a participação da UFBA na Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia. A parceria reforça ainda mais a atuação da UFBA nas políticas públicas e educacionais para o povo negro, através da ampliação e fortalecendo dos temas no ensino, pesquisa e extensão; projetos inovadores e metodologias que possibilitem a inserção social da população negra e dos povos e comunidades tradicionais; formação de discentes e docentes dos cursos de Graduação e Pós-Graduação com o conteúdo de promoção da igualdade étnico-racial e combate às violações de direito das comunidades negras; dentre outras medidas. O planejamento de cada órgão, no âmbito desta cooperação, deverá considerar os aspectos do direito à educação, de gênero e geração, social, antropológico, geográfico, ambiental, habitacional, urbanístico, de saúde pública, tecnológico, artístico-cultural, de acesso à justiça, e de desenvolvimento econômico e rural.

 

TOMBAMENTO DA PEDRA DE XANGÔ. CRIAÇÃO DA APA MUNICIPAL ASSIS VALENTE E O PARQUE EM REDE PEDRA DE XANGÔ. PARQUE NACIONAL GEOSÍTIO PEDRA DE XANGÔ.

A atuação dos membros do Grupo de Pesquisa Etnicidades – PPG-AU UFBA vem contribuindo de forma significativa na concretização de ações para efetivação de direitos e pleitos de grupos étnicos e comunidades tradicionais, na forma de conquistas e realizações que ultrapassam os muros universitários. Nesse campo, é imperial citar que através da cartografia étnica participativa desenvolvida por Maria Alice Pereira na sua dissertação “Pedra de Xangô: os caminhos e descaminhos do sagrado afro-brasileiro”, entre 2017 e 2019, foi criada a APA Municipal Assis Valente e o Parque em Rede Pedra de Xangô. Nesse mesmo período e fruto desse trabalho, a Fundação Gregório de Matos tombou, no âmbito da Prefeitura Municipal de Salvador, a Pedra de Xangô como Patrimônio Cultural da Cidade de Salvador e criou o Parque Nacional Geosítio Pedra de Xangô. A Pedra de Xangô foi destaque em premiação pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) em Brasília: o artigo “Os caminhos percorridos para o tombamento municipal da Pedra de Xangô” venceu em terceiro lugar, na categoria advocacia, no VI Prêmio República de Valorização do Ministério Público Federal realizado pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, em reconhecimento ao ganhos sociais desse atuação para a preservação desse lugar sagrado.

 

TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA PARA CONSERVAÇÃO DOS TERREIROS TOMBADOS DO IPHAN: OMO ILÊ AGBOULÁ, ALAKETU, VENTURA:

Foi um Termo de Cooperação Técnica firmada entre a FAUFBA-PPG-AU-MP-CECRE e o IPHAN (através do Grupo de Pesquisa Certificado pelo CNPQ, ARQOP) com o objetivo de realização do Projeto de Conservação dos Terreiros Tombados do IPHAN: Terreiros de Seja Hunde - Roça do Ventura (Cachoeira); Ilê Omo Agboula (Itaparica); Ilê Maroialaji - Terreiro do Alaketu (Salvador). Com os seguintes objetivos: Realização de Oficinas Gerais de Técnicas Construtivas Tradicionais; Oficinas de Projetos; Obras de Reforma e Conservação; e elaboração de Plano de Conservação Preventiva e Conservativa. Foram elaborados projetos de intervenção (arquitetônica e estrutural) para os três terreiros participantes do projeto, obra realizada e inaugurada no terreiro Ilê Omo Agboula. No âmbito do mesmo projeto, prevê-se a realização em 2020 das obras referentes aos terreiros do Alaketu e Ventura. Os três terreiros serão ainda contemplados com o Plano de Conservação desenvolvido pela equipe da FAUFBA-PPG-AU-MP-CECRE em parceria com as respectivas comunidades.

 

TOMBAMENTO DA FESTA DE IEMANJÁ PELA PREFEITURA DE SALVADOR

Outra contribuição relevante e decorrente de pesquisa desenvolvidas pelo Etnicidades, foi o tombamento da festa de Yemanjá pela Fundação Gregório de Matos (Prefeitura de Salvador) em dezembro de 2019, que se fundamentou em pareceres e trabalhos desenvolvidos pelo Professor do PPG-AU Fabio Macedo Velame e pelo aluno de doutorado Flávio Cardoso.  O assessoramento técnico é outro campo de atuação que gera resultados imediatos à salvaguarda de direitos e de melhoria da qualidade de vida dos grupos assistidos. Nesse tópico, os terreiros OMO ILÊ AGBOULÁ, ALAKETU e VENTURA foram assessorados para o processo de tombamento, assim como para elaboração de projetos de conservação desses templos religiosos.

 

PROJETO NORMAS E CRITÉRIOS PARA INTERVENÇÃO PARA O CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR:

O projeto, que recebe financiamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - DF, na modalidade Cooperação, abrange, na etapa em curso, a atualização das informações sobre a formação e o desenvolvimento histórico do centro de Salvador, a identificação das suas características tipológicas e morfológicas, bem como do conteúdo e impactos dos programas e projetos públicos e privados propostos e/ou executados nas últimas décadas nesta área – inclusive no que se refere ao impacto social das ações. Envolve ainda a participação de associações de moradores e movimentos sociais sediados no centro antigo de Salvador no levantamento e nas discussões sobre os traços materiais e imateriais que devem ancorar a preservação deste patrimônio urbano.

O objetivo da primeira etapa do projeto é a elaboração de um amplo diagnóstico sobre a situação da área e a identificação e caracterização de seus diversos setores. Numa segunda etapa está previsto o detalhamento das características dos setores identificados, o levantamento das referências culturais dos moradores dos diversos setores e a elaboração das normas que deverão reger as intervenções públicas e privadas nesta área da cidade.

Estão atuando no projeto os professores do PPG-AU, Luiz Antonio Fernandes Cardoso, Nivaldo Vieira de Andrade Junior, Márcia Genésia de Sant'Anna, Aline de Figueirôa Silva – e é coordenador pela Professora do MP-CECRE, Mariely Cabral de Santana. A pesquisa ainda conta com o envolvimento de 10 alunos da Graduação, 4 alunos do mestrado acadêmico e 3 alunos de Doutorado do PPG-AU.

 

PROJETO: CANTEIRO MODELO DE CONSERVAÇÃO – AÇÕES DE SALVAGUARDA E CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE IGATU - BA:

Canteiro Modelo de Conservação é um conceito que vem sendo desenvolvido pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (IPHAN) e tem como intenção articular conhecimentos em torno das comunidades que convivem com os patrimônios tombados, favorecendo assim os processos de conservação dos mesmos. Esse conceito que compreende o canteiro como um espaço privilegiado para a trocas de conhecimentos e saberes construtivos tem sinergia com as atividades que vem sendo desenvolvidas no PPG-AU e na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA) no âmbito do canteiro experimental, que vem estruturando ações de trocas construtivas entre docentes, estudantes e grupos sociais.

Coordenado por dois alunos do doutorado do PPG-AU UFBA, os Professores da FAUFB Daniel Marostergan e Carneiro e Akemi Tahara, o Canteiro Modelo de Conservação – Ações de Salvaguarda e Conservação do Patrimônio Cultural de Igatu – BA surge de uma parceria da FAUFBA com o IPHAN com o objetivo de realizar ações em três diferentes frentes em IGATU, sendo elas: oficina experimental; escritório experimental e laboratório experimental. Essa implementação tem previsão de execução de 12 meses e está aberta à diferentes possibilidades de interlocução com disciplinas, projetos de extensão e de pesquisa que estejam em andamento no PPG-AU e na FAUFBA.

A oficina experimental está promovendo atividades educativas voltadas à identificação e valorização das técnicas tradicionais de construção, estimulando as trocas e disseminação desses saberes tanto na perspectiva de estímulo à perpetuação dos conhecimentos populares, quanto com sua interação com conhecimentos acadêmicos.

O escritório experimental identifica moradias populares nos termos da lei 11.888 (lei de assistência técnica) e desenvolver projetos de melhorias habitacionais das mesmas, de acordo com os parâmetros urbanísticos e arquitetônicos dialogados com o IPHAN de forma a garantir a preservação das características do sítio tombado.

Já o laboratório experimental tem como papel desenvolver pesquisas e experimentações voltadas para soluções de saneamento e redes de distribuição e armazenamento de água que se adequem à realidade de Igatu.

As três ações em conjunto articulam o canteiro modelo como um espaço de planejamento, assistência técnica, investigação, capacitação técnica, difusão de conhecimentos e pesquisas para ações de conservação e valorização do patrimônio cultural de Igatu.

Finalmente, tem como premissas, a qualificação das condições de habitabilidade, urbanas e ambientais, integrando-se ao projeto de cooperação entre IPHAN e Ministério Público da Bahia denominado: “Ações para Preservação do Conjunto Urbano Histórico, Arquitetônico e Paisagístico de Igatu, no município de Andaraí, estado da Bahia”.

Para além dos coordenadores do projeto, o Canteiro Modelo envolve três estudantes de pós-graduação e quatro bolsistas de graduação, além da comunidade de Igatu.

 

VAZIOS CONSTRUÍDOS:

Entre 2014 e 2018, foi implementado o Projeto de pesquisa “Reciclagem de vazios construídos em áreas urbanas centrais. Uma tecnologia social aplicada ao caso de Salvador, Bahia”, cooperação entre o Grupo de Pesquisa Lugar Comum/PPGAU/FAUFBA, o Laboratório Alice, da École Polytechnique Fédérale de Lausanne e 04 coletivos e movimentos sociais de Salvador: Famílias em Luta por Moradia, ligado ao Movimento da População de Rua de Salvador (POPRUA), Movimento dos Sem Teto de Salvador (MSTS), Comunidade Pastoral da Trindade e o Movimento dos Sem-Teto da Bahia (MSTB). Essa interação universidades – movimentos e coletivos sociais - comunidade, contou com o apoio do Programa Ciência sem Fronteiras/CAPES/ Ministério de Educação.

Esse trabalho, coordenado pelas Professas Ana Fernandes (PPG-AU UFBA) e Olivia de Oliveira (EPFL), tem como objetivo a elaboração de uma tática de ocupação e reciclagem dos vazios construídos, a ser desenvolvida construindo uma conjunção entre a pesquisa e a produção de conhecimento, a interação ativa com os moradores e a problematização da temática cidade-moradia-patrimônio como instrumento de política urbana concebido para o pleno desenvolvimento social, cultural e ambiental das cidades. Ele visa aliar a pesquisa de cunho acadêmico com o desenvolvimento de tecnologia social voltada para a busca do equacionamento do quadro da dispersão urbana e da subutilização da infraestrutura já disponibilizada.

As propostas de reuso envolveram, especificamente, os quatro movimentos sociais referidos, o que permitiu elencar suas demandas e contextos específicos, bem como as tipologias de vazios construídos mais adequadas para atendê-las, possibilitando pensar coletivamente essas áreas em oficinas de projeto e urbanismo, promovidas pelo grupo de pesquisa com a participação de professores, estudantes, lideranças e moradores destas comunidades.

Trocas de professores e estudantes de doutorado, seminários e oficinas, produção de cartilhas e projeto participativo, mobilização de cooperação acadêmica no âmbito da própria Faculdade de Arquitetura e Universidade Federal da Bahia culminaram com uma grande exposição sobre os Vazios Construídos, realizada em um dos vazios identificados pela pesquisa e aberta ao público para visitação. A publicação a ela referente está em elaboração.

 

PLATAFORMA CORPO CIDADE

A Plataforma CORPOCIDADE é dirigida ao estudo das co-implicações entre corpo, cidade e estética. Pretende-se buscar a dimensão estética como forma de apreender e pensar a cidade. Estuda-se também as ações e experiências corporais e cotidianas no espaço público, em particular na rua, entendida como território instável. Os trabalhos artísticos são pensados como outra possibilidade de compreensão crítica dos conflitos e dissensos urbanos tendo por foco prioritário a escala do corpo em sua singularidade. Uma análise das práticas e ações cotidianas é feita na tentativa de se relacionar a construção de territórios urbanos e a construção de subjetividades. Seu objetivo geral é de, através das questões estéticas e/ou do corpo, problematizar as questões urbanas. A plataforma CORPOCIDADE realiza-se bienalmente, desde 2008, um evento homônimo por iniciativa dos grupos de pesquisa Laboratório Urbano (PPGAU UFBA) e laboratório Coadaptativo LabZat (PPGDAN UFBA), como um encontro acadêmico em defesa da democratização do espaço público. Buscando testar outras articulações entre corpo e cidade como estratégia de redesenho de suas condições participativas no processo de formulação da vida pública em que estão implicados, tomamos a arte e a experiência corporal como potências questionadoras de consensos forjados pelos planejamentos e políticas urbanas espetaculares, e como fatores de explicitação dos conflitos que o espetáculo urbano busca ofuscar. http://www.corpocidade.dan.ufba.br/

 

OCUPAÇÃO GUERREIRA MARIA FELIPA: SUBSÍDIOS PARA ASSESSORIA TÉCNICA EM TORNO DO DIREITO À MORADIA E À CIDADE (2018)

O projeto, aprovado em edital da PROEXT/UFBA e implantado em 2018, propôs a realização de atividades em conjunto com os moradores da Ocupação Guerreira Maria Felipa (Salvador), tendo como ponto de partida as ações da RAU+E/FAUFBA e do PPG-AU UFBA junto à ocupação. A ocupação faz parte de uma série realizada pelo Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB) e teve início em 2016. Desde 2017, esta ocupação teve articulações pontuais junto à FAUFBA, que culminaram na aproximação de uma equipe da RAU+E à mesma. É neste contexto de relações entre a universidade e a ocupação que o presente projeto se insere. O projeto teve como objetivo geral inicial o fortalecimento das articulações comunitárias e a construção conjunta de ações e instrumentos que pudessem auxiliar na permanência e consolidação da ocupação, potencializando ações desenvolvidas no âmbito da RAU+E. De forma complementar, pretendeu aproximar estudantes de pós-graduação e graduação na realização de um projeto de extensão em uma ocupação de moradia, qualificando sua formação a partir de uma atuação prática que envolve interação comunitária, processos participativos e dialógicos que extrapolam os aprendizados de sala de aula e as atuações hegemônicas no campo da arquitetura e do urbanismo, além de trocas interdisciplinares.

 

ESCOLA DE VERÃO MONOTRILHO EM DISPUTA: ARTICULANDO COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS URBANAS

Atividade de extensão promovida em janeiro de 2020 a partir da articulação entre o Grupo de Pesquisa Lugar Comum, o Grupo de Estudos Urbanidades Liminares, o Grupo de Pesquisa EtniCidades – ambos do PPG-AU/UFBA; o Grupo de Pesquisa Colapso do IGEO/UFBA; o Acervo da Laje; a Associação dos Moradores da Rua Voluntários da Pátria no Lobato; a Associação dos Moradores do Conjunto Joanes Leste; o Movimento Verde Trem.  A partir dos conflitos e controvérsias em torno da intervenção do Monotrilho na cidade de Salvador, a Escola de Verão se coloca como um espaço de FORM.AÇÃO, articulando Comunicação Comunitária & Avaliação de Políticas Urbanas. São objetivos da Escola de Verão: ativar um Espaço de FORM.AÇÃO coletiva; refletir sobre os regimes e condições de produção social de infraestruturas comuns da Cidade de Salvador; ampliar debate público sobre as políticas urbanas incidentes no Subúrbio Ferroviário; promover uma reflexão crítica à intervenção do Monotrilho, pelo modo autoritário que vem sendo conduzida e aos seus impactos e desdobramentos que trazem ameaças e violações aos modos de vida do Subúrbio Ferroviário; elaborar conteúdos que alimentem instrumentos de comunicação comunitária utilizados pela(o)s moradora(e)s; fortalecer redes cidadãs e de práticas coletivas do Direito à Cidade.