Seminário “Memória, sobrevivências, ruínas: pensar as temporalidades urbanas” entre os dias 20 e 21 de novembro de 2019, na Faculdade de Arquitetura da UFBA.

Memória, sobrevivências, ruínas: pensar as temporalidades urbanas  
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O Grupo de Pesquisa LABORATÓRIO URBANO (PPGAU-UFBA) anuncia a realização do I Seminário “Memória, sobrevivências, ruínas: pensar as temporalidades urbanas” entre os dias 20 e 21 de novembro de 2019, na Faculdade de Arquitetura da UFBA. 
 
O evento integra as comemorações dos 60 anos desta Faculdade e pretende fomentar o debate de maneira interdisciplinar que coloca, nos campos da Arquitetura e Urbanismo, da Antropologia e das Artes, o desafio da reflexão sobre a História e a Memória das cidades, das suas paisagens urbanas, materialidades e temporalidades, desdobradas no corpo e na arte. Especificamente, pretende-se apresentar e discutir a temática das ruínas urbanas na contemporaneidade – espaços arruinados, esquecidos ou cujas construções não chegaram a ser concluídas e permanecem, em nossas cidades, abandonados. 
 
Diferentemente da discussão romântica e nostálgica acerca das ruínas – um campo de investigação consolidado na História, Arquitetura e Artes – a reflexão que propomos com este seminário parte de um olhar sobre os espaços da cidade contemporânea que, por características próprias da dinâmica da produção espacial urbana atual, sequer necessitam ser concluídos, restaurados ou ter seu uso e função social cumpridos para dar vazão e contribuir à com a manutenção da ordem econômica existente. 
 
Desse modo, surgem na cidade edifícios sem uso ou abandonados, ainda em estágio de construção mas já arruinados, que suscitam reflexões acerca de processos de desenvolvimento urbano, nas suas dimensões políticas, históricas e culturais, e nas suas relações com processos artísticos de composição. As ruínas urbanas nas cidades contemporâneas orientam, portanto, um debate teórico que atravessa a materialidade da própria arquitetura (ainda que pela via negativa, do que não chegou a ser construído ou não teve seu uso consolidado) e alcança a temporalidade de processos e dinâmicas próprios de um tempo específico – o que produz tais ruínas. 
 
Pretende-se, a partir da discussão dos edifícios em ruína presentes nas cidades atuais, desenvolver debates afins, os quais desdobram-se em questionamentos acerca de temas como o da memória, história, antropologia das transformações urbanas, projetos e utopias de cidade, patrimônio urbano e percepção corporal do espaço-tempo. Partilhamos a compreensão das ruínas urbanas como espaços em suspensão, cujo desenvolvimento foi dificultado por motivos relacionados a conflitos políticos, econômicos e históricos. São espaços sensíveis, frágeis, temporários cujo modo corporal de experimentá-los mostra-se necessário e relevante para apreende-los, e cuja síntese em configurações artísticas tornam-se legítimos recursos de elaboração intelectual sobre seus significados e impactos sociais. Eles dizem respeito a todos nós. 
 
A ruína também suscita debates sobre as temporalidades urbanas quando revelam projetos ou concepções de futuros soterrados, negligenciados ou cristalizados no tempo. Junto com a antropóloga e arquiteta Alessia de Biase entendemos o futuro como uma construção cultural que, em todas as épocas, tem usado a cidade, máquina temporal, para dar corpo a vários modos de projeção no futuro. A escolha de uma abordagem de discussão que parte da ruína como objeto arquitetônico revela, sob a luz de um debate do campo da história, a problemática dos processos de modernização urbanos, e, a partir disso, abre possibilidades de questionamento sobre o modo de configuração de nossas cidades e paisagens urbanas contemporâneas - tanto no passado, quanto no futuro.